15 novembro 2007

Alunos de jornalismo e a desmotivação profissional

Uma observação pela demanda nos vestibulares para os cursos de Jornalismo no Brasil confirma uma tendência singular dos últimos anos, há uma sensível diminuição da procura dos estudantes pelos cursos de jornalismo. 


Muitos cursos, fechadas as contas da relação candidato/vaga para o vestibular de verão 2008, um dos mais tradicionais no país, revelam que os cursos de jornalismo experimentam uma relação de 1:1, ou seja, um candidato para cada vaga. Nos cursos mais deficitários, que foram criados às dezenas no país, pelo afã do ex-ministro Paulo Renato em colocar todos os alunos entre 17 e 24 anos no ensino superior, a situação é ainda pior. Não há preenchimento das vagas.

Mesmo nas universidade públicas federais, a diminuição da demanda é sensível. É importante lembrar que o curso de jornalismo, devido ao seu suposto "status social", sempre esteve entre os 5 (cinco) cursos mais procurados na maioria das universidades, em algumas, inclusive, como o mais procurado. Informações recentes na internet mostra que o curso de jornalismo da Fuvest foi o mais procurado. Também é importante destacar, nesse caso, que o número de vagas oferecida pela USP é muito pequeno. Assim, essa demanda é falsa.

O maior problema para essa desmotivação está na crise que passa a atividade profissional e, devido às pressões das instituições de ensino privadas, um fechar-se em si de professores e coordenadores de curso. A maioria está alheia aos debates e possibilidades inovadoras para os cursos de jornalismo porque as IES não apoiam qualquer possibilidade de qualificação dos seus professores.

É imperativo uma ação enérgica de professores, profissionais e pesquisadores em prol da qualificação dos cursos de jornalismo, do envolvimento dos estudantes de jornalismo com as ações político/profissionais. Se isso não acontecer, a sociedade perde um dos seus principais pontos de garantia das liberdades democráticas. Nesse aspecto, a implantação do Conselho Federal dos Jornalistas é condição básica para o fortalecimento da profissão e sua democratização.
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Redigido no aeroporto de Salvador, às 3h38, na espera de conexão para Aracajú, para o 5º SBPJor.

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