11 maio 2007

Unificar as ações das entidades do campo do Jornalismo é fundamental

Entrevistas da Fenaj

A Universidade Federal de Goiás sediou, no final de abril, o 10º Encontro Nacional de de Professores de Jornalismo. E esta coletiva da FENAJ é dedicada à reflexão sobre temas que stiveram presentes nos debates do evento promovido pelo Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ). Nosso convidado é Gerson Luiz Martins, doutor em jornalismo pela ECA/USP, professor da UFRN e presidente do FNPJ (http://www.fnpj.org.br/). Além de um balanço do Encontro, Gerson é taxativo em afirmar que as lutas dos jornalistas só terão bom termo com a ação conjunta das entidades do campo do Jornalismo.
E – FENAJ - Precedendo a abertura do 10º ENPJ, a FENAJ realizou seu VI Pré-Fórum com o tema “Formação superior em jornalismo: obstáculo ou garantia de acesso democrático aos meios de comunicação?”. Tal debate é fundamental num período em que entidades do campo do Jornalismo desenvolvem uma campanha em defesa do diploma. O argumento central daqueles que combatem este pré-requisito para o exercício da profissão é de que ele fere as liberdades de expressão e de imprensa. Isto se justifica? Como o FNPJ pretende intervir neste debate, uma vez que há grande expectativa de que o Supremo Tribunal Federal se posione sobre a questão?
Gerson Martins – O argumento não procede. Somente com uma informação jornalística de qualidade, ou seja, que os profissionais sejam preparados na educação superior em jornalismo é que teremos uma verdadeira democratização da comunicação e que “voz” e “letra” seja disponibilizada para todos. Não há liberdade de imprensa e liberdade de expressão quando a produção da informação está comprometida, em todos os aspectos, sem uma adequada qualificação dos autores, produtores e consumidores. O FNPJ desde sempre defende a formação superior em jornalismo como a única forma de democratizar a informação jornalística e, consequentemente, democratizar o acesso à informação pela sociedade, pela população. Em termos específicos, o FNPJ, aliado a Fenaj e a SBPJor vai envidar esforços para que o STF se pronuncie democraticamente e confirme a necessidade da formação superior em jornalismo para o exercício profissional.
E – FENAJ – Em julho o “Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da Formação em Jornalismo” da FENAJ completa 10 anos. Qual a sua avaliação sobre o conteúdo e a importância desta contribuição para o ensino da profissão?
Gerson Martins – O programa é um marco para a qualificação do ensino de jornalismo no Brasil. Infelizmente o mesmo é de conhecimento de poucos e, portanto, não se aplica na maioria dos cursos de jornalismo. Há necessidade premente das entidades do campo do jornalismo – Fenaj, FNPJ e SBPJor – realizarem esforços conjuntos para que o Programa seja de fato implementado. É importante destacar que Fenaj, FNPJ e SBPJor não se resumem às suas diretorias, mas diz respeito a todos os seus associados e simpatizantes. Deve ser realizado um esforço coletivo de professores, profissionais e pesquisadores para implementar o Programa.
E – FENAJ - Vilson Vieira Junior, de Serra (ES), recém formado em Jornalismo pela UFES, tece considerações sobre as mudanças na produção, conteúdo e acesso a informação provocadas por novas tecnologias como a internet, convergência de mídias e telefonia. E pergunta: quais perspectivas podem ser vislumbradas acerca do papel do jornalista como produtor e gestor de informação num futuro breve? A profissão do jornalista estaria ameaçada pelas possibilidades de produção de conteúdo informativo trazidas pela internet a qualquer cidadão? Vilson questiona, também, até que ponto bandeiras de luta pela "formação específica e de qualidade" em Jornalismo, bem como a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista podem ser vistas como válidas e essências para a qualidade da informação jornalística, uma vez que o Brasil é um dos países onde a concentração dos meios de comunicação acontece da maneira mais acentuada e criminosa em todo o mundo? Não seria a ausência de democracia na imprensa brasileira um fator determinante para a baixa qualidade da informação presenciada por todos atualmente?
Gerson Martins – É uma questão complexa a levantada pelo Vilson, há inúmeros questionamentos numa mesma pergunta. Entendo que o avanço tecnológico ratifica a importância do profissional do jornalismo. Inserir uma informação na rede não é a mesma coisa, definitivamente, que produzir uma informação. E é isso que diferencia o trabalho do jornalista em relação aos blogueiros generalistas e aos produtores de textos. A produção jornalística requer pesquisa, investigação, apuração, edição do material. Não é simplesmente sentar frente ao computador e digitar as idéias!De outro lado, sem dúvida, que a ausência de uma democracia social e principalmente na educação superior é um impeditivo para a desejada disseminação da informação e do conhecimento, assim como determina a situação atual de precariedade desta informação. Ainda estamos longe de um democratização de acesso a informação, que apesar de facilitada pelas novas tecnologias ainda mantém a população como receptor passivo. Isso começa a mudar, mas é em longo prazo.
E – FENAJ – Lourdes de Souza, de São Paulo, registra que na programação do 10º ENPJ constou um painel sobre Pós-Graduação Stricto-sensu e a formação do professor de Jornalismo e soube que está em vias de ser aprovado o primeiro curso de Mestrado específico em Jornalismo do país. Ela pergunta se isto é verdade e como pode obter informações mais detalhadas sobre tal curso.
Gerson Martins – Lourdes, a informação é verdadeira. Você poderá obter informações com o coordenador do curso, professor Dr. Eduardo Meditsch, ainda pelo sítio web do Curso de Jornalismo da UFSC (http://www.jornalismo.ufsc.br/) e também por meio de notas publicadas no sitio web do FNPJ (http://www.fnpj.org.br/) e do projeto Jornalismo de minha autoria em http://www.gersonmartins.jor.br/.
E – FENAJ – A preocupação com a criação desenfreada de cursos de Jornalismo – principalmente particulares – no país foi encaminhada por Luiz Carlos de Oliveira, de Belo Horizonte. Ele pergunta: isto não colabora para a “mercantilização” e rebaixamento da qualidade do ensino profissional? E quer saber, também, qual o posicionamento do MEC sobre a proposta encaminhada pelo FNPJ e FENAJ de suspensão da criação destes cursos para uma avaliação mais criteriosa sobre as condições de seu efetivo funcionamento?
Gerson Martins – A proliferação de cursos de jornalismo é uma realidade, infelizmente. Contudo o quadro começa a mudar. Temos conhecimento que alguns cursos de Jornalismo foram fechados e outros estão ameaçados. Isso se deve exatamente a proliferação e, decisivamente, a falta de demanda para os cursos. Nenhuma instituição privada de ensino pode suportar os altos custos para manter cursos deficitários. A proposta encaminhada pelo FNPJ e Fenaj para suspender os cursos não teve ressonância no MEC. Há uma política clara, do governo federal, para ampliar as vagas no ensino superior. No governo FHC foi por meio da criação de centenas de IES privadas, no governo atual será, e se tem determinação para isso, a ampliação de vagas também nas IFES, universidades federais. Muitas IFES programaram para o próximo ano o aumento no número de cursos e a ampliação da oferta de vagas. O Ministério da Educação destacou, num encontro que tivemos em Brasília, que se quiséssemos avaliar os cursos de jornalismo, deveríamos criar um sistema autônomo de avaliação. E vamos fazer isso! A exemplo de outros países, as próprias escolas reivindicam um sistema autônomo, neutro em relação ao processo de avaliação oficial. É uma certificação dos cursos, muito necessária para todos.
E – FENAJ – Vanessa Silva lembra que no mercado de trabalho para jornalistas, hoje, um dos principais espaços é em assessoria de imprensa. Mas considera que o currículo dos cursos de Jornalismo não dá a devida atenção para esta área. Ela pergunta: o FNPJ tem propostas sobre isso? Quer saber, também, como regulamentar o estágio acadêmico para que ele seja um efetivo espaço de formação para os estudantes e não um instrumento de aviltamento da profissão?
Gerson Martins – Nesta entrevista da Fenaj temos várias questões em cada pergunta. A pergunta da Vanessa é mais um exemplo. As estruturas curriculares dos cursos de jornalismo devem, preferencialmente, atender as demandas e as características regionais. Os cursos, hoje, têm autonomia para organizar essas estruturas. Se houver uma boa demanda para a área de assessoria de comunicação ou assessoria de imprensa, os dirigentes dos cursos devem ter a sensibilidade para isso e organizar o currículo de modo a atender essa característica. O FNPJ não pode interferir nas estruturas curriculares e tampouco na gerência dos cursos. Quanto ao estágio, estamos em processo de regulamentação. Várias escolas possuem um regulamento de estágio, como exemplo de cidades em que o estágio está regulamentado temos São Paulo, Joinville, Florianópolis e várias outras. Em Natal, a UFRN vai implantar a regulamentação do estágio nos próximos meses. Projeto nesse sentido foi concluído e deverá, em breve, ser aprovado pelo colegiado do Curso.
E – FENAJ – Valci Zuculoto, diretora da FENAJ e do FNPJ, registra que nos momentos em que entidades do campo do Jornalismo, como FENAJ, FNPJ e SBPJor, tiveram uma atuação conjunta, os resultados foram positivos. Ela cita como exemplos as intervenções sobre o debate da Reforma Universitária, da tabela da CAPES e mesmo na luta em defesa do diploma. Ela pede uma avaliação sua sobre esta intervenção conjunta. E pergunta: que outras ações conjuntas podem ser desenvolvidas para fortalecer o campo do Jornalismo?
Gerson Martins – Sem dúvida alguma, quando as entidades do campo atuam conjuntamente temos uma força de trabalho. Acredito firmemente que muitas das nossas lutas só terão bom termo com o trabalho conjunto das entidades. A diretoria do FNPJ propôs, por ocasião do 10º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, uma atuação conjunta do FNPJ, Fenaj e SBPJor para a revisão das diretrizes curriculares da área de comunicação, como uma forma mais imediata e eficaz para resolver o problema da ineficácia do sistema de avaliação atual do governo, batizado de Sinaes. Entendo que as entidades devem centrar poder de atuação na questão da avaliação dos cursos de jornalismo, precisamos ter instrumentos de avaliação específicos, além de criarmos, em conjunto, um sistema de avaliação autônomo, uma certificação para os bons cursos de Jornalismo. Outra frente de trabalho está na garantia da exigência do “diploma” para o exercício profissional em jornalismo. Coloco entre aspas, pois não se trata apenas de um papel, mas a palavra enseja um significado mais amplo, quer dizer “educação superior em jornalismo”. Também devemos atuar na consolidação da pesquisa e da ciência do jornalismo. Temos um acumulo significativo de pesquisa em jornalismo, comparável aos países do primeiro mundo. Em nada devemos para eles. A SBPJor edita uma revista, em inglês, com trabalhos dos pesquisadores brasileiros. Esse formato facilita a introdução desses textos no cenário mundial da ciência e do conhecimento.
E – FENAJ – Quais as principais resoluções e que balanço você faz do 10º ENPJ, realizado em Goiânia, de 27 a 30 de abril?
Gerson Martins – Conclusão geral e opinião de muitos: o 10º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo (ENPJ) foi um dos melhores encontros realizados pelo FNPJ, senão o melhor. A programação, apesar de extensa, competentemente organizada pelo Diretor Científico da entidade, professor Edson Spenthof (UFG), atendeu aos anseios dos professores de jornalismo. Tivemos uma excelente participação dos Coordenadores de Curso de Jornalismo na reunião convocada. Nos painéis sobre o Estágio em Jornalismo, Pós-Graduação Stricto-Sensu em Jornalismo, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, além do Pré-Fórum da Fenaj houve grande participação dos docentes e estudantes, o que demonstrou o acerto do perfil da programação, que até o 9º ENPJ privilegiava os Grupos de Trabalho (GT’s).Entre as principais resoluções, posso destacar a criação de uma Comissão parar fazer a revisão das Diretrizes Curriculares da área de Comunicação, com uma proposta de se criar diretrizes específicas para Jornalismo; também a criação de uma Comissão para fazer um estudo do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Sinaes e propor instrumentos específicos para avaliação dos Cursos de Jornalismo e ainda a proposta, sob a coordenação do Diretor Científico do FNPJ, Edson Spenthof, de se estabelecer um Programa de Regulamentação do Estágio em Jornalismo.
Quero destacar a parceria do FNPJ e da Fenaj com o lançamento do Prêmio Daniel Herz de Jornalismo. Foi a concretização de uma proposta lançada pela diretoria do FNPJ por ocasião do falecimento desse valoroso companheiro. É, sem dúvida, uma forma de perpetuar a memória do Daniel Herz e valorizar uma vida dedicada ao Jornalismo e ao ensino de Jornalismo.

Sob pressão das redes de TV, governo prepara golpe contra os jornalistas


A Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj divulgou nota sobre nova ofensiva do Governo Federal contra os profissionais jornalistas. Leia a íntegra da nota abaixo:

Nota Oficial

Sob pressão das redes de TV, governo prepara mais um golpe contra os jornalistas
Dois interlocutores diferentes do governo, o ministro Walfrido dos Mares Guia e o senador Romero Jucá, declararam ontem, 09/05, que está em gestação uma proposta que dará um “tratamento diferenciado” para as empresas prestadoras de serviços formadas por jornalistas, radialistas e artistas no texto do projeto de lei enviado ao Congresso Nacional para substituir a nefasta emenda 3, vetada pelo presidente Lula. Essa emenda foi incluída na lei que criou a Super-Receita pelo ex-senador Ney Suassuna, a pedido dos empresários, em especial das redes de televisão, para fraudar as relações de emprego.
Se não fosse vetada, os auditores fiscais estariam proibidos de multar e até desconstituir as empresas, se julgassem que o contrato de prestação de serviços apenas disfarçava uma relação de emprego. O trabalhador é forçado a se tornar pessoa jurídica (PJ) e a emitir nota fiscal, como se fosse uma empresa. Deixa de receber 13º, férias remuneradas, FGTS, vale-transporte, vale-refeição, assistência médica e aposentadoria. Pela emenda 3, só a Justiça do Trabalho poderia interferir no contrato e nas operações do profissional constituído como pessoa jurídica.
Se confirmadas as declarações dos líderes governistas, significa mais um violento ataque à organização da nossa categoria e aos direitos dos trabalhadores brasileiros. Essa proposta além de expropriar direitos trabalhistas, desfalca a receita e a previdência social e legitima a fraude nos contratos de trabalho.
Estranha especialmente à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), tais declarações, porque contradizem posição manifestada pelo ministro Guido Mantega e pelo Secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, em audiência com a Federação e diversos presidentes de Sindicatos de Jornalistas, no último dia 04 de abril. O governo não pode, mais uma vez, humilhar-se e submeter-se à pressão e às vontades de um punhado de empresários que controlam meia dúzia de redes de televisão.
A FENAJ denuncia essa clara tentativa de dividir os trabalhadores e conclama toda a categoria a repudiar mais esse atentado à profissão e a participar ativamente das manifestações organizadas pelos Sindicatos, pela CUT e dezenas de outras entidades e movimentos sociais que lutam contra a derrubada do veto presidencial. Precisamos enfrentar o lobby dos donos da mídia que mais uma vez age para desorganizar os jornalistas e furtar direitos dos trabalhadores brasileiros. A nossa precarização é desinformação da sociedade.
Brasília, 10 de maio de 2007.
Diretoria da FENAJ

04 maio 2007

Professores da UEPG rejeitam proposta do governo e aprovam indicativo de greve


Após uma década de perdas salariais acumuladas os professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa, repudiaram a proposta de reajuste de 6,57% proposto pelo governo do Estado do Paraná que, no entendimento dos professores, ilustra a política de desvalorização e a crescente precarização do trabalho docente nas universidades paranaenses.
Além do vergonhoso índice de reajuste que impõe aos professores uma pena progressiva de perdas salariais, os docentes vivem uma contínua deterioração das condições de trabalho. Por causa disso, só nos últimos quatro anos, cerca de 500 mestres e doutores abandonaram o estado do Paraná para buscar condições melhores em outros estados.
Nos últimos dez anos houve um grande aumento do número de alunos sem a correspondente contratação de professores e funcionários. O resultado é preocupante: alunos sem aulas, contratação generalizada de professores temporários, departamentos sem funcionários e sobrecarga de tarefas burocráticas para os professores efetivos. Assim, ocorre um aumento contínuo da intensificação do trabalho e de extensão da jornada diária do trabalho docente.
A quem interessa tal degradação da educação superior no Paraná? Esta situação provoca descontentamento, doença, sofrimento, conflitos de toda ordem no cotidiano do professor. Ainda assim, os professores não são os maiores prejudicados, há um custo social incalculável. Quem mais perde com tudo isso são as famílias paranaenses que tanto lutam por uma formação de qualidade para seus filhos e pelo verdadeiro desenvolvimento do Paraná.
A precarização do trabalho dos docentes prejudica a qualidade das aulas e a produção científica e isso afeta toda a sociedade. Mais do que denunciar a grave situação em que se encontram as universidades paranaenses, os professores querem um compromisso por parte do Governo do Estado do Paraná para solucionar a defasagem salarial, o financiamento da pesquisa, a melhoria da estrutura universitária e a qualidade do ensino superior no estado.
Por isso, é importante o apoio da população, das entidades sociais, representantes parlamentares e de todos os contribuintes que acreditam no potencial e na contribuição das nossas Universidades Públicas! O indicativo de greve, aprovado pela Assembléia dos Professores da UEPG no último dia 2 de maio, é uma resposta à política do Governo do Estado.

Por Sergio Gadini

03 maio 2007

TAM diminui conforto do passageiro


Na surdina a TAM diminuiu o espaço entre as poltronas nas principais aeronaves da empresa. Nos A-319 e A-320 o espaço entre as poltronas não permite mais o uso de notebooks. Quando o passageiro na sua frente reclina a poltrona, o que fica na poltrona de trás terá que, literalmente, cheirar a cabeça do colega da frente, isso não ter seu nariz achatado pela poltrona.

Não interessa o conforto do passageiro. Interessa faturar mais. E é isso o que a TAM está a fazer.