02 junho 2005

Capim Macio entre lama e buracos

A situação do bairro de Capim Macio é o retrato do descaso do poder público. As ruas sem qualquer benefício de urbanização agonizam no período de chuvas intensas. Conforme informações dos moradores do bairro, os imóveis são taxados com o maior valor de IPTU de Natal. Em oposição a isso as vias não possuem pavimentação, não há sistema de coleta de esgoto e em muitos locais não existe iluminação pública.
Num artigo publicado alguns meses atrás chamei a atenção do leitor e, espero, das autoridades públicas sobre as mazelas da praia de Ponta Negra, onde o esgoto corre em céu aberto, assim como os restos das construções na beira da praia são jogadas na areia e podem provocar acidentes com os banhistas, sejam turistas ou com os próprios natalenses que freqüentam a orla de Ponta Negra. A quantidade de cacos de vidro espalhados pela praia é enorme e pode provocar, com certeza provoca todos os dias, cortes graves nos pés dos banhistas. Esses ferimentos somados à poluição da praia podem resultar em sérias infecções.
Assim como Ponta Negra, Capim Macio é um bairro em que circulam muitas pessoas que visitam Natal, para não dizer diretamente o turista, mas nesse caso não se restringe a esse tipo de visitante, que vai encontrar a situação de calamidade de uma região urbana. A falta de urbanização do bairro é constrangedor para a administração municipal. Infelizmente esse não é um problema recente, daqueles que se poderia dizer que é uma situação momentânea e logo será resolvida. O acumulo de lixo nos terrenos baldios e mesmo nas vias de trânsito denotam que também os moradores não têm consciência da preservação da saúde e do meio ambiente. O problema do lixo se agrava porque a coleta não é realizada diariamente e assim os dejetos acumulados são focos de ratos, moscas e pernilongos, perturbando e colocando em risco a vida dos próprios moradores.
A situação atual do bairro é esta: ausência de iluminação pública em muitas ruas e em muitos pontos, lixo que se acumula nas ruas e em terrenos vazios, principalmente de sacos plásticos que, de uma forma impressionante, cresce a ¿infestação¿ proporcionando um quadro desolador que apresenta a nítida e real perspectiva de abandono total do poder público para com a região; ruas sem pavimentação cheias de buracos e quando chove a lama toma conta, não existem passeios públicos, ou seja, calçadas para o trânsito dos pedestres que são obrigados a circular pelo meio das ruas. Segurança? Isso é uma utopia. Funciona exclusivamente o sistema de segurança privada e em alguns casos o serviço de vigias que os moradores contratam.
Não obstante a tudo isso tem o IPTU mais caro da cidade e está tomado de grandes edifícios e moradias, ou seja, a arrecadação municipal tem uma grande receita, mas não retorna essa receita em benefícios para os moradores. Se faz necessário uma ação imediata, urgente para tornar o bairro com as condições mínimas de moradia. O poder público deve iniciar as obras de urbanização com a construção do sistema de coleta de esgoto, manutenção e ampliação da iluminação pública, pavimentação das vias, regulamentação para o processo de coleta de lixo e conservação dos imóveis vazios, fazer com que os proprietários conservem a limpeza dos terrenos sob pena de multa. São ações minimamente necessárias para que os moradores tenham condições de habitação num bairro que contribui para o desenvolvimento da cidade e por onde transita boa parte dos visitantes e turistas.

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