18 agosto 2005

Jornalismo e Reforma Universitária

O documento produzido pelo FNPJ, FENAJ e SBPJor é substancial nas reflexões sobre as repercussões que o projeto da Reforma Universitária poderá infligir aos cursos de jornalismo. Estão claras as reflexões das entidades sobre a questão do chamado ciclo básico, da redução do tempo de duração dos cursos. Em reunião recente com o professor Mário Pederneiras da Secretaria de Educação Superior do MEC, as três entidades reforçaram o tempo mínimo de 2700 horas para o curso de jornalismo, garantidas pela Resolução CNE 329/2004. Assim, não se pode aceitar a diminuição do tempo de 4 anos, em que se desenvolvem essas 2700 horas, bem como temos que reforçar a necessidade de um ensino de jornalismo pautado em disciplinas que tratem de jornalismo, desenvolvam a atividade jornalística e, fundamentalmente, gerem novos conhecimentos do e no jornalismo. É preciso avaliar cuidadosamente a versão final do texto do anteprojeto que foi entregue ao presidente Lula e que será enviado ao Congresso, segundo informações, até o final do mês de setembro. Professores de Jornalismo, Jornalistas, Pesquisadores em Jornalismo, estudantes, todos devem ficar atentos às mudanças que podem precarizar a formação do profissional de jornalismo sob vários aspectos. Nesse sentido é importante reforçar a necessidade de que todos os professores de jornalismo conheçam detalhadamente o anteprojeto e o documento produzido pelas três entidades. Houve um avanço significativo no relacionamento MEC e entidades do Campo do Jornalismo. Hoje o campo do jornalismo está plenamente representado na composição das áreas de ensino, pesquisa e profissão. Até alguns anos atrás somente a FENAJ fazia uma discussão com o Ministério no que diz respeito aos Cursos de Jornalismo. Agora há uma representação mais sólida e com maior respaldo perante os agentes do campo. Dessa forma há condições de apresentar as questões da área e ser atendidos. O interesse demonstrado pela Coordenadora do Anteprojeto da Reforma, professora Eunice Araújo às propostas elaboradas pelo FNPJ, FENAJ e SBPJor, sistematizadas no documento Contribuições do Campo do Jornalismo para o anteprojeto da Reforma Universitária, sinalizou a qualidade e a pertinência das propostas. A partir disso abri-se um espaço significativo de diálogo com o MEC para que se possa, no decorrer do tempo, discutir as outras questões que preocupam a área de jornalismo, principalmente no que diz respeito à autorização de novos cursos e à qualidade dos existentes. Por ocasião do Seminário em Brasília, marcado para o dia 18 de agosto, se pretende fazer uma reunião na SESu para que possa iniciar um diálogo sobre essas questões. Como destacado em artigo anterior, a responsabilidade pela formação de jornalistas competentes, éticos, está, em parte, nos cursos de jornalismo. Se há distorções nesse aspecto, se deve a uma formação precária, distorção que não pode ser corroborada pelos dirigentes das empresas midiáticas quando se criam espaços de trabalhos desqualificados, sem uma formação minimamente necessária.

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